domingo, 13 de maio de 2018

Há 19 anos, 13 de Maio de 1999

Aproxima-se a comemoração dos vinte anos do 7 de Junho.

Como antecipação, faz sentido lembrar o epílogo dessa epopeia, cuja história ainda está por fazer. A 13 de Maio de 1999, Ansumane Mané, numa cerimónia emocionante, fazia a entrega pública às famílias dos jovens aguentas, que Nino tinha contratado à pressa, na vã tentativa de se manter no poder. Nino, por sua vez, pressionado por Portugal, assinou neste mesmo dia, a renúncia formal à Presidência da República.

Enquanto Francisco Fadul aproveitava a circunstância para defender, contra a opinião da grande maioria (que pretendia um julgamento que culminasse num castigo exemplar), que se deixasse partir Nino para Portugal. Argumentava que um processo desse tipo envolveria milhares, incluindo muitos responsáveis do PAIGC, o que decapitaria esse partido, retirando-lhe qualquer hipótese nas eleições previstas para Novembro desse ano. 

Fadul considerava que haviam então muitos interesses na destruição do PAIGC. Tal como hoje, há muitos interesses na decapitação do PRS. Mas a responsabilidade histórica do PAIGC, que conduzira o país à guerra, era de extrema gravidade. O país perdeu uma oportunidade para se livrar de um cancro que continua a corroê-lo por dentro. O regresso de Nino, que viria depois a acabar como se sabe, veio dar razão aos receios de muitos.

Ainda hoje, parece que muitos países francófonos ditatoriais, continuam a procurar vingar essa humilhação que sofreram em Bissau, castigando o PRS, por intermédio da CEDEAO. Mas o povo guineense não é burro, e está atento a todas as manobras para o dividir. O líder do PAIGC, que está por detrás da imposição de sanções aos seus compatriotas, engana-se, tal como Nino se enganou, se pensa que o poder pode ser imposto do exterior.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Substituição de Modibo Touré

O brasileiro José Viegas Filho é o novo representante da ONU na Guiné-Bissau, substituindo no cargo Modibo Touré, conforme anúncio feito hoje pelo Secretário-Geral António Guterres.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Violação do acordo


Ester Fernandes, a recém empossada Ministra da Administração Territorial, suspendeu ontem todos os governadores de região, contrariando o disposto nos termos do acordo de princípio sobre a repartição da administração local pelos dois partidos ao abrigo do espírito de inclusão, assinado em Bissau há pouco mais de uma semana pelo Primeiro-Ministro, pelos Presidentes do PAIGC e do PRS, e pela CEDEAO. 

Esta prepotente e lamentável atitude de confronto, é um mau começo para o novo governo de Aristides Gomes e constitui um sinal especialmente grave, indiciando a má-fé com que o PAIGC parece encarar a tarefa de funcionalizar um governo efémero como o actual, vocacionado essencialmente para a realização de eleições justas e transparentes. 

Efectivamente, o PAIGC parece estar deliberadamente a procurar criar atritos descabidos, no intuito de alargar a sua esfera de competências e minimizar o papel do PRS. Para além de um atentado ao espírito de uma inclusividade construtiva, este acto constitui-se como um desafio à própria CEDEAO, signatária deste acordo, na pessoa de Robert Dussey, presidente do Conselho de Ministros. 

Este parece igualmente ser um teste à autoridade de Aristides Gomes, como Primeiro-Ministro, com o PAIGC a esticar a corda, a ver até onde consegue chegar. No entanto, tais atitudes poderão minar o clima de confiança mínimo, necessário para o desempenho pretendido para este Governo, e colocar em causa os progressos até aqui obtidos pela mediação.