sábado, 21 de abril de 2018

Opinar sem conhecimento de causa

Partilhar expectativas de que as coisas corram melhor, a título pessoal, é perfeitamente legítimo. Fazer sugestões concretas de melhoramento, é louvável.

Já falar por falar, apresentar dados supostamente concretos como adquiridos, quando não passam de pura especulação, invocando qualificações académicas sem anunciar em que área, para tentar dar credibilidade a um amontoado de banalidades baseadas em informações distorcidas é grave. 

"Mestre" Aliu Soares Cassamá não sabe do que está a falar, mas imagina-se um grande político. As suas ficções pessoais de entendido apenas dão destaque à sua pobreza de espírito. 

Os problemas começam logo pelo título do artigo publicado: como pode alguém pretender escrever sobre algo que nem sequer sabe escrever correctamente? A grafia correcta é electricidade e não "electrecidade".

Tenta fazer uma oposição ao "curto e médio prazo", mas depois entra em contra-senso quando fala num "horizonte 2018" (curtíssimo prazo). As suas palavras não são opinativas, mas normativas, estando claramente convencido de que se trata de uma autoridade no assunto. As suas ligações de ideias não fazem qualquer sentido, como quando fala do potencial hidroeléctrico, dizendo que o tempo de desenvolvimento dos projectos é longo, para logo depois se pôr a falar da actual situação. Fala de uma central eléctrica em Bissau, mas não se sabe de qual. Efectivamente, estão já em fase adiantada de programação, com financiamento garantido, duas centrais, uma térmica de 15MW, em Bor, e uma outra solar, de 20 MW, em Gardete, que deverão resolver os problemas de fornecimento de energia eléctrica à capital, num horizonte se menos de dois anos, caso não haja atrasos imputáveis à instabilidade política.

O BiM fez um pequeno inquérito e chegou à conclusão que a arrecadação diária é muito superior aos 3 milhões de CFA de que fala e o consumo de gasóleo para satisfazer toda a procura potencial é cerca de três vezes superior ao palpite avançado pelo pseudo-erudito. A empresa não recebe mensalmente 400 ou 500 milhões, recebe bem menos, pois 200 milhões vão directamente para a empresa sub-contratada e 100 milhões directamente para o fornecimento de gasóleo; além de que o valor recebido se situa muito abaixo do consumo facturado ao Estado. As pobres suposições de Mestre Aliu, de "má gestão" ou "desvio de procedimento" não levam em conta que a EAGB é uma empresa estruturalmente deficitária, devido à fixação do preço da electricidade muito abaixo do respectivo custo de produção. 

"Mestre" Aliu não acerta uma. Nem sequer nas taxas de juro dos títulos do tesouro, que são públicas, e se têm situado sempre acima dos 6% (e não "entre os 5% e os 6%), quando não mais de 7%, como se pode constatar aqui. Há quase dois anos que não se praticam essas taxas. Talvez devesse informar-se, fazer uma pequena pesquisa recorrendo ao Google, antes de pretender insinuar a sua autoridade no sector, que não sabemos de onde lhe advém, senão de um desmedido convencimento, para não falar de despropositada arrogância.

Por essa razão, as suas "recomendações", como a "construção de raiz de uma sede", deveria guardá-las para si, ou, no máximo, para o seu grupo de amigos no FaceBook, contentando-se com uns "gostos" e palmadinhas nas costas de quem se sinta na obrigação de lhe aturar as elocubrações. 

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