A Agência Lusa tirou hoje duas notícias com um quarto de hora de intervalo sobre a Guiné-Bissau, uma às 15h42 e outra às 15h57. (a Lusa não permite a visualização integral do artigo, veja mais à frente).
Nada demais. Os assuntos são diferentes.
Mas há algo que as liga. Ambas falam de prevenção. Uma do radicalismo e extremismo religioso outra do consumo de droga.
Sim, mas e então?
Pura coincidência? Talvez. Mas os teóricos da conspiração poderiam ver neste reforço mútuo alguma intenção escondida.
No fim da notícia relativa à droga, depois de múltiplas citações do entrevistado (secretário-executivo do Observatório Guineense da Droga e da Toxicodependência) entre aspas, a Lusa escreve sem elas:
"Abílio Có Júnior alertou também para o facto de que dos 100% das drogas que passam pelo país 30% ficam para consumo interno, principalmente o ‘crack’". (as aspas são nossas, que citamos a Lusa).
Quando se escreve sem aspas, a responsabilidade deixa de ser de quem declara. Ora, obviamente, não estamos perante um "facto" mas perante uma estimativa do observador (não o jornal, mas o entrevistado), que nem sequer é grosseira, mas sim falsa e confusa, ao misturar as drogas todas no mesmo saco. Recorrendo ao truque de colocar essas afirmações em jeito de conclusão, não quererá a Lusa intencionalmente deixar no ar, perante o leitor pouco informado, a ideia de que passa muita droga pela Guiné-Bissau?
Conseguiram transformar uma notícia de prevenção do consumo em diabolização do narco-estado. O resto do guião também se conhece, atiçar os riscos do terrorismo, etc. Para criar a convicção da fragilidade do Estado? A quem interessa a desestabilização da Guiné-Bissau?
Quanto à INTERPOL, talvez fizesse melhor proveito em considerar a Guiné-Bissau um caso de estudo, um laboratório de ensaio da tolerância, em vez de tentar instilar os seus medos e inocular o vírus da desconfiança, numa sociedade cuja marca é uma saudável e respeitosa convivência inter-religiosa.
Venham até cá fazer turismo e estudar os casamentos mistos, duplamente celebrados por duas religiões diferentes, e sairão decerto mais ricos.
Quanto à INTERPOL, talvez fizesse melhor proveito em considerar a Guiné-Bissau um caso de estudo, um laboratório de ensaio da tolerância, em vez de tentar instilar os seus medos e inocular o vírus da desconfiança, numa sociedade cuja marca é uma saudável e respeitosa convivência inter-religiosa.
Venham até cá fazer turismo e estudar os casamentos mistos, duplamente celebrados por duas religiões diferentes, e sairão decerto mais ricos.
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