O Conselho de Ministros togolês reuniu-se ontem, tendo por ordem de trabalhos apontar a utilização da internet como bode expiatório para a situação do país. No comunicado final emanado, os ministros diziam "não compreender por que razão são cada vez mais numerosos os internautas a dispararem bojardas contra o seu país."
Decidiram ainda estudar a possibilidade de reforçar o arsenal jurídico do país, com o objectivo "de processar utilizadores da Internet que incitam os seus compatriotas ao ódio e que espalham informações falsas nas redes sociais." Segundo o jornalista Roger Adzafo, o referido comunicado mais parece um autêntico "curso de direito, lembrando aos cidadãos que os textos de lei comum também são aplicáveis a questões digitais. Assim, os autores de notícias falsas e discursos de ódio podem ser culpados de ofensas, como insulto ou calúnia."
Quem encomendou a tarefa foi sem dúvida Faure Gnassingbé, para quem "Hoje, aqueles que intoxicam e mentem encontraram um aliado na tecnologia. Pode-se transformar um homem simples como eu num ditador sanguinário."
Segundo o Conselho de Ministros "o uso inadequado de redes sociais impacta negativamente a imagem do país, ajudando a afastar os investidores, desestimulando o espírito empreendedor, o que pode ter repercussões na criação de emprego e de riqueza".
Faure está a confundir as coisas. É preciso tratar os bois pelo nome. Quem impacta negativamente a imagem do país é o próprio presidente, ditador sanguinário, ao desafiar a vontade popular de lhe atribuir a reforma, após três mandatos de má memória. Não vale a pena tentar virar o bico ao prego ou armar-se em donzela ofendida. Gnassingbé nada tem de virgem pura e inocente, como mostrou ao tornar-se cúmplice na ignominiosa mediação conduzida por Alpha Condé e Marcel de Souza na Guiné-Bissau. "Homem simples"? Ou um lobo disfarçado com pele de cordeiro? Algum togolês se deixará ainda enganar? Não parece... a internet, pelo contrário, fomentou a liberdade de expressão e permitiu um esclarecimento cada vez maior da população togolesa, que antes estava confinada à verdade oficial ditada por Faure.
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