sexta-feira, 16 de março de 2018

Com Senso de Estado

O PRS, através do seu Porta-Voz e Ministro da Comunicação, Victor Pereira, em declarações à LUSA, vem reiterar a política de facilitação de consensos à qual o Partido se viu compelido, por força da implosão do PAIGC, desde finais do ano de 2015.

Neste processo, recorde-se que, logo em inícios de 2016, o Secretário Geral do PRS fizera um importante aviso à navegação, ao então Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, do PAICV, para não se ingerir nos assuntos internos do país, recomendando o mesmo à Comunidade Internacional, a quem pediu que adoptassem posições isentas. Premonição do que estava para vir?

"Relativamente ao Primeiro-Ministro de Cabo Verde voltamos a apelar no sentido de abdicar de comentar os assuntos internos da Guiné-Bissau. (...) Eu nunca ouvi um primeiro-ministro da Guiné-Bissau a falar das crises em Cabo Verde. É preciso respeitar a soberania. Somos parceiros, somos amigos, mas antes de mais, devemos respeitar a Guiné-Bissau enquanto Estado soberano".

Em a origem do impasse, já contámos a história da alienação de soberania que se seguiu. No entanto, vale a pena reler, sobre o mesmo assunto, a entrevista de Florentino Mendes Pereira ao Expresso das Ilhas, há cerca de um ano, da qual consta que:

"O PRS, enquanto partido responsável, ao sustentar soluções de governabilidade razoáveis e exequíveis que permitam fazer funcionar o país, foi de novo obrigado a dialogar para encontrar saídas para o impasse artificialmente criado, cuja responsabilidade não pode, de forma alguma, ser assacada ao nosso Partido."

O PRS, apesar de ser a força partidária maioritária no contexto da nova maioria parlamentar com origem na expulsão dos 15 deputados do PAIGC, nunca aceitou liderar qualquer governo, deixando o ónus de tal tarefa estratégica aos cuidados do Presidente da República e desses elementos do PAIGC. Todos os sete Primeiros-Ministros pertencem ou pertenciam ao PAIGC. O PRS acautelou devidamente o seu grau de responsabilidade, tendo-se limitado a fazer a política possível. 

Apesar de todas essas cautelas, "o PRS neste processo foi muito mal compreendido (...) mas não baixará os braços. Para não criar vazios de poder, o PRS neste processo funciona como facilitador". Como parece ter funcionado ao longo destes últimos dois anos. "Por isso, nunca avançaremos com o nome do primeiro-ministro" como defendeu ontem Victor Pereira perante O Democrata. Com sentido de Estado.

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