terça-feira, 20 de março de 2018

Ras le bol


Com um longo historial de exacções, do qual um episódio recente consistiu na agressão a um jornalista, os boinas vermelhas, ou a guarda pretoriana do ditador Alpha Condé, são agora acusados de estar a participar de uma campanha de intimidação conduzida contra bairros populares de componente essencialmente fula, prendendo jovens para os espancar durante a noite, exigindo elevados resgates aos seus pais. Como já se tinha constatado, com a presença dos donzos em Conacri, Alfa Condé, desesperado, não hesita em recorrer à intimidação com base étnica.


Isso mesmo foi denunciado em carta aberta dirigida ao Presidente da República, pela coordenação nacional dos fulas do Fouta Djallon, que considerou como "um dever imperioso interpelar o governo e alertar a comunidade internacional para as reiteradas violações dos mais básicos direitos humanos: justiça sempre negada, repressão indiscriminada e assassinatos continuam a ser cometidos, apesar de todas as promessas das autoridades. (...) Convidamos o presidente a proceder a uma avaliação rigorosa da situação de forma a interromper o ciclo de assassinatos, de destruição, de estigmatização, cujas principais vítimas são fulas, para evitar que nosso país caia no precipício da divisão. (...) Sem outro recurso, sabendo que a justiça, a polícia, o exército, todos estão sob as ordens de um poder injusto que nos segrega, sabemos que como último recurso só podemos contar connosco próprios e com Deus. Dadas as políticas segregacionistas do poder etnocêntrico do Professor Alpha Condé, declaramos de viva voz que estas atitudes do poder estabelecido constituíram a gota de água que fez transbordar o copo da nossa paciência. Vamos tomar todas as medidas que julgarmos adequadas para nos defendermos".

Sem comentários:

Enviar um comentário